Um sonho de Ivete, 20 anos depois.
Uma grande personalidade só merece ocupar um grande posto profissional e intelectual, se seu traço de grandeza maior, estiver ligado ao mínimo de generosidade. Com Ivete, essa ligação existe em grau máximo. Generosidade com a música brasileira, com os artistas baianos, com a Bahia, e com o seu público global. É como se ao mesmo tempo em que ela não separasse as pessoas, ela também conseguisse permear com privilégio quem nasceu na terra da alegria.
A gravação do seu DVD, comemorativo por conta dos 20 anos de carreira, sem sombra de dúvidas, mostra uma artista que acima de qualquer coisa, diz em letras e música, um ‘Muito Obrigado’, a todos os fatores que a transformaram nessa grande personalidade da música. Com atenção, com disciplina, com storyboard e com emoção, Sangalo fez um show com duração de quase 5h, recebendo amigos de todos os tons, dando-lhes força e prestígio, fosse na platéia ou no palco.
Bell Marques e Saulo Fernandes, receberam das suas mãos uma espécie de benção, pelos momentos em que vivem, e serão gratos, muito gratos, a ela, pela força genuína doada por amizade e compreensão. Eles receberam de mão beijada, um palco para chamar de seu. Foi um termômetro jamais sentido, apontando uma temperatura que ninguém consegue medir.
O repertório fez jus ao momento, e transformou o tal momento, no seu melhor show. E olha, quem diz não sou eu, mas ela, que sorridente e cansada, mas elétrica, duas décadas depois de tanto sucesso, sabe que o melhor, só aconteceu agora. Ivete passeou pelos seus maiores sucessos, mas não esqueceu dos menores, agradando a todas as idades e gerações, que ela vem atravessando, no mesmo pedestal de sempre. Coisa que na cabeça dela nem existe. “Pedestal? Que nada. Isso é amor. Uma grandiosidade, chamada amor”, confirma e afirma.
O retorno à Arena Fonte Nova foi uma questão de merecimento, e é como se aquele espaço tivesse sido feito para ela. O palco é dela. Mil shows podem acontecer, mil espetáculos podem acontecer, mas a Fonte, mais nova do que nunca, tem o cheiro e o gosto da música, do pulo e da alegria de Ivete. Se os times de futebol, escolhem estádios para apadrinhar, ali, o estádio que apadrinhou Ivete. Tudo é dela.
Vestida de branco, reproduzindo no palco um festejo em homenagem ao Senhor do Bonfim, foi protagonista de uma das maiores homenagens que os baianos, nesse momento de resgate de identidade, e de vontade de viver bem, já receberam. Um regresso nas músicas que transformaram o axé o samba-reggae na marca baiana do mundo, e um sorriso faceiro, valeram mais que prêmios e reconhecimentos oficiais.
Nos 1.200 m² de telões de LED, foi emocionante a passagem das imagens que marcaram sua carreira, e que marcam até hoje. Desde seus shows na Banda Eva, até seus duetos. A cantora mostra respeito ao exibir gravações suas ao lado de nomes como Roberto Carlos, Maria Bethânia e Claudia Leitte. Ivete é respeito. Ivete respeita. Ela só não tem limites. E que nunca tenha mesmo. A gente, aqui, que só assiste e se emociona, merece que ela seja sempre assim, imensurável. Como o céu. Afinal, estrelas não faltam por aí, mas elas brilham por causa de um infinito.
Fonte: http://portaldorodeiro.com.br